SONETO
Era uma vez uma erva, uma sozinha,
Que vivia sem água e sem calor;
Quem passava não via a pobrezinha,
E que visse: pisava-a, sem amor.
O seu corpinho verde, que não tinha
Bebido a chuva nem o sol em flor,
Morreu: e a erva mísera e mesquinha
Estendeu-se no chão, seca de dor:
Andava ali, naquela ocasião,
Um amoroso passarinho
Que construía o ninho com paixão
E o destino da erva foi diverso:
Leva-a no bico a ave p'ra seu ninho,
E dela faz a renda para o berço.

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